Diversas situações podem causar desconforto estético para os pacientes em odontologia. Os problemas relacionados à anatomia dentária, podem ocasionar uma discrepância de tamanho dentário (discrepância de Bolton)2 , no excesso ou na redução de largura. Isso ocorre em um número considerável de casos de pacientes que procuram por tratamento ortodôntico. Quando a discrepância de tamanho dentário acontece por redução da largura mesio-distal, verifica-se a presença de diastemas, de uma forma mais comum, entre os incisivos superiores. Pode-se considerar que este espaço entre os dentes, ou a ausência de contato entre dois ou mais dentes consecutivos seja uma condição patológica13. A análise de Bolton consiste na soma do diâ- metro dos 12 dentes inferiores (1o molar ao 1o molar) que é dividida pela soma do diâmetro dos 12 dentes superiores (1o molar ao 1o molar) e multiplicada por 100. A proporção média obtida através desta fórmula para uma boa oclusão, bem como uma relação ideal de sobremordida e sobressaliência é de 91,3. Se a proporção exceder este valor, a discrepância se deve a um excesso de estrutura no arco inferior. Se a proporção for menor que 91,3, a discrepância se deve a um excesso de estrutura no arco superior.
Uma proporção similar é feita para os seis dentes anteriores sendo o valor ideal 77,2, mantendo-se os mesmos padrões da fórmula anterior para as arcadas superior e inferior. Bolton publicou uma análise do estudo de 55 indivíduos portadores de oclusões consideradas excelentes. O objetivo foi permitir uma avaliação das discrepâncias de tamanho dentário e sua localiza- ção, prevendo a possibilidade de se alcançar uma oclusão dentária satisfatória2 . Caso não haja discrepância de tamanho dentário entre os arcos superior e inferior, o prognóstico da oclusão final é favorá- vel. Se houver discrepância, o profissional poderá utilizar de procedimentos visando compensar essas alterações, tais como desgastes interproximais nos casos de excesso de tamanho ou acréscimo, através de procedimentos restauradores.
Os tratamentos ortodônticos, de forma geral, promovem uma melhora estética na composição dento-facial. No entanto, nos casos com Discrepância de Bolton, espaços entre os dentes anteriores são uma ocorrência comum mesmo após o tratamento ortodôntico. Nesses casos, uma avaliação estética para uma intervenção ortodôntica-restauradora é necessária para distribuir os espaços e permitir restaurações proporcionais e harmônicas9 . Assim, diferentes formas de tratamento são descritas na literatura. De acordo com Rocha e Vigorito19 (1998), compensações nas inclinações dentárias, nas dimensões da sobremordida e sobressaliência podem compensar tais discrepâncias sem a necessidade de desgastes ou aumento das coroas clínicas dos dentes. No entanto, quando o tratamento ortodôntico não for suficiente, um acréscimo de material restaurador se faz necessá- rio. Furuse et. al.9 (2007) demonstraram que a associação do tratamento ortodôntico e restaurador, ou quando for possível, a inclusão do tratamento periodontal, podem favorecer os resultados esté- ticos do tratamento8 . Além disso, de acordo com Cunha, Mondelli e Furuse4 (2011), o tratamento de raspagem previamente ao fechamento de diastemas é recomendado4 . Dessa forma, quando a Dentística Restauradora for atuar, a saúde periodontal deve ser considerada criteriosamente9,10. A técnica restauradora para o fechamento de diastemas tem sido amplamente divulgada. No entanto, cuidados após os procedimentos restauradores também são importantes. Contenções e orientações estéticas devem ser passadas aos pacientes, assim como conscientização de retornos periódicos devem fazer parte do protocolo clínico dos profissionais nessas situações. Dessa forma, a longevidade do tratamento pode ser favorecida. Portanto, o objetivo deste trabalho é apresentar, por meio de um relato clínico, um caso com Discrepância de Bolton solucionado com resinas compostas após a intervenção ortodôntica e periodontal.